segunda-feira, 13 de abril de 2015

A bioquímica dos rituais indígenas - Chá da Ayhuasca

      Oi pessoas!!! Como estão? Como foi a semana de vocês? Todos prontos para embarcar em mais uma viagem através da bioquímica dos rituais indígenas? Hoje vamos conhecer mais sobre um curioso chá muito utilizado pelos indígenas, o chá da Ayuasca. Então... vamos lá?
     O chá da Ayuasca vem sendo usado a milhares de anos pelos índios da América do Sul. Tal chá representa um símbolo espiritual e ritual para aqueles que o utilizam. Mas o que chama a atenção, em relação à bioquímica, a respeito desse costume são os efeitos alucinógenos que a sua ingestão de traz a quem o consome. Mas qual a substância traz esse efeito?

http://www.ayahuascadreams.com/portugues/efeitos_processos.html
       A resposta para essa pergunta se encontra na composição das ervas que são usadas na preparação do chá, são elas: o cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. Sendo que, as principais substâncias de caráter alucinógeno existentes na primeira são: alcalóides ß-carbolinas inibidoras da MAO (Monoaminoxidase); e na segunda são: N-dimetiltriptamina (DMT) que age sobre os receptores da serotonina.
     Para se entender o mecanismo de ação dos alcaloides encontrados nesse chá se faz necessário entendermos o metabolismo da serotonina. A serotonina é encontrada em abundância nos diversos tecidos animais, como por exemplo: no sangue (plaquetas); no trato gastrointestinal; no cérebro. O cérebro, como sempre, chamando muita atenção, pois lá estão presentes os neurônios serotoninérgicos que estão envolvidos em diversas funções, como o sono, humor, regulação da temperatura, percepção da dor, e regulação da pressão arterial. Além disso, eles podem estar envolvidos em condições patológicas, tais como: depressão, ansiedade e enxaqueca. A serotonina é metabolizada pela MAO em 5-hidroxin-dolacetaldeído. Essa distribuição diversificada da substância, ao final do processo, causa aumento da secreção e da motilidade desses órgãos e tecidos.
      O DMT é um alucinógeno, que tem ação muito parecida com a da serotonina. No entanto, quando administrado via oral, é inativado através da desaminação sofrida pela ação da enzima MAO intestinal e hepática.
       Outras substâncias que têm propriedades alucinógenas são as ß-carbolinas. Elas são inibidoras da MAO, com isso, inibem a desaminação intestinal do DMT, possibilitando a chegada deste ao cérebro, mesmo por via oral. Além disso, elas ainda aumentam os níveis de serotonina, dopamina, norepinefrina e epinefina no cérebro. Os efeitos sedativos primários de altas doses de ß-carbolinas são resultantes do bloqueio da desaminação da serotonina.

    A ação da bebida se deve, portanto, à interação das ß-carbolinas com o DMT presentes nas plantas, que juntas potencializam as propriedades alucinógenas de ambas isoladas, levando-se em consideração que as ß-cartolinas aumentem as concentrações de DMT.
       E aí pessoal? O que acharam? Conta aí... Até a próxima ;) 

Fonte: http://urutu.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/n6/310.html

7 comentários:

  1. Adorei a postagem sobre esse alucinógeno tão potente. Além dos índios, existem religiões voltadas para o chá da Ayahuasca, como Santo Daime, UDV - União do Vegetal e Barquinha. A ayahuasca foi liberada para fins religiosos desde 2004, por uma resolução do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Em 2010, uma nova resolução regulamentou a utilização por igrejas. Atualmente, o chá virou o centro das atenções em estudos de neurofarmacologia, neurofisiologia e psiquiatria. Visitando o site das "religiões", vê-se que a crença possui bases cristãs e que o chá é uma "dádiva de Deus", sem preço e que aumenta a consciência de quem o toma. Afirmam também, que ela não é uma droga, nem alucinógeno, dizendo que não vicia e nem traz malefício algum à saúde, apenas amplia os sentidos físicos e espirituais por despertar a natural química interna, como a serotonina. Doidera né?
    Existem muitos estudos que vão contra o que eles afirmam em seus sites... Enfim, temos que respeitar! Aguardo próximo post :)

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  2. Mais uma postagem muito interessante!

    Acrescento o uso ritualístico de outra bebida também alucinógena, também extraída de uma planta (com mesmo nome), e ainda hoje utilizada em rituais da religião de mesmo nome: a Jurema. A religião teve origem dos rituais de pajelança Tupi (entre outras etnias), e usa a raiz da planta para preparar uma infusão que também contém o DMT. Essa religião hoje ainda existe, mas é mais encontrada incorporada à Umbanda. Já ouviram falar de Mestres e Caboclos? São dessa religião.

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  3. Muito legal a postagem de vocês !
    Mas é interessante lembrar que o uso desses chás pode ser prejudicial, principalmente se usado em excesso.
    Do ponto de vista toxicológico, o uso do chá pode trazer efeitos nocivos ao organismo como: desidratação, por conta das náuseas, vômito e diarréia comumente relatadas, e a síndrome serotoninérgica, sendo que a última é a conseqüência mais grave desta utilização (Callaway et al., 1999; Callaway et al., 1994; Sternbach, 1991).
    Os efeitos subjetivos são visão de imagens com os olhos fechados, delírios parecidos com sonhos e sensação de vigilância e estimulação. É comum ocorrer hipertensão, palpitação, taquicardia, tremores, midríase, euforia e excitação agressiva (Cazenave, 2000). Náuseas, vômitos e diarréia são comuns e podem estar associadas à ação no receptor 5-HT2.
    É bom saber que o respeito a liberdade espiritual foi superior ao nosso etnocentrismo, e o uso ritualístico dessas substâncias é respeitado.
    Até a próxima postagem.
    GRUPO A

    FONTE: http://urutu.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/n6/310.html

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  4. Excelente post. Realmente é muito interessante essa semelhança entra a DMT e serotonina. A DMT é estruturalmente semelhante ao neurotransmissor serotonina e age ligando-se a receptores 5-HT1a, 5HT1b, 5-HT2a e 5HT2c existentes no sistema nervoso central. A serotonina (5-HT) é um dos principais neurotransmissores do sistema nervoso central. É sintetizada a partir do aminoácido essencial triptofano, e atua como regulador da função da musculatura lisa nos sistemas cardiovascular e gastrintestinal, na glândula pineal e nas plaquetas. Essa ação agonista serotoninérgica da DMT produz uma série de alterações cognitivas, sensoriais e emocionais momentâneas quando administrada por via parenteral. As modificações na percepção parecem ser bastante intensas, porém com um período de tempo bastante curto em sua duração. Quando administrada por via oral, entretanto, tem sido demonstrada a perda de atividade da DMT devido à degradação de primeira passagem realizada pela enzima monoaminoxidase-A (MAO-A) periférica.
    Valeu, galera! Aguardando o próximo post...

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  5. GRUPO C

    O seu consumo está associado a práticas religiosas e parece ser utilizada por tribos indígenas da Amazônia desde 2000 a.C. As seitas religiosas mais conhecidas no Brasil são o Santo Daime e a União do Vegetal. Os efeitos, desse modo, estão bastante relacionados aos rituais religiosos onde se dá o consumo, baseados na crença da possibilidade de contato com outros planos espirituais. Há semelhança entre os efeitos da ayahusca e alucinógenos, como o LSD.
    Adorei saber mais sobre esse tema,continuem postando!

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  6. GRUPO E

    Realmente, entender que processos culturais dos indígenas agem nas atividades bioquímicas de seus corpos é muito interessante. Puxando a sardinha pra nossa área, além de interessante é fundamental para os profissionais que desejam se aventurar nas políticas de assistência à saúde, já que faz parte do processo de territorialização desses profissionais conhecer essa cultura e como ela afeta na saúde das pessoas. Muito bom o tema!

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  7. GRUPO I (COM DENGUE, SEM BIOQUÍMICA)

    Muito legal ficar sabendo um pouco mais da cultura dos índios e também como eles conseguem obter não só chás ritualísticos, mas também remédios e venenos das matas e florestas que eles tem acesso. Isso me faz pensar quantas observações foram feitas e quantos diferentes tipos de plantas eles consumiram até chegarem a essas em especial para alcançar tais efeitos sobre o organismo humano. No entant,o esse pensamento se transforma em inquietude quando as grandes empresas farmacêuticas e cosméticas se utilizam do conhecimento popular milenar dos indígenas para criarem produtos de abrangência mundial e no fim não transformar nenhuma parte desses lucros em benéficos para o povo que verdadeiramente os descobriram. Enfim, as habilidades dos nativos de descobrirem os benéficos que algumas plantas têm sobre o organismo é incrível, entretanto, o consumo do chá ayahuasca também pode trazer risco a saúde como a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico. O consumo do chá pode desencadear quadros psicóticos permanentes em pessoas predispostas a essas doenças ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas (transtorno bipolar, esquizofrenia).

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